quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Esvaiu-se

Sentada, sem ao menos sentir a brisa suave da noite primaveril afagar-lhe as bochechas, estava ela. Parada. Imóvel e fria. Sem saber nem por onde começar a pensar. A vida podia ser tão cruel? Os sentimentos podiam nunca ter existido? Talvez não. No fundo ela sabia que há pouco existira tudo. Todas as coisas boas foram reais. Ela sentiu. Amou. Chorou. Pediu para ficar. Porém a felicidade é uma miragem e a tristeza é a certeza de que a vida segue seu rumo corretamente. 
Levantou a garrafa e tomou mais um gole. Acendeu um cigarro. Tragou. O gosto amargo enfartado de lágrimas tomou conta de seu paladar. Não sabia os motivos de continuar ali. Estática. Não tinha mais nada em que se apoiar. Não havia motivos para levantar da cama ao alvorecer. Não havia nada. Apenas o sabor triste da vontade de ficar que se esvaía a cada sorvo. Quando, de súbito, ela se esvaiu.

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