sábado, 27 de novembro de 2010

Desabar

Era como se estivesse imersa em um líquido escuro, o qual não permitia que o ar e nem a luz a encontrasse. Seria ótimo respirar. Sentir novamente o frescor do ar, como em um longo mergulho, onde inicialmente a água é muito afável, mas, aos poucos, torna-se pesada demais e subir à superfície torna-se essencial. Pode-se dizer, até inevitável.
Contudo, ela sentia exatamente o oposto disso. Sentia a água pesada, no entanto não conseguia emergir. Notava um peso em seu peito e tinha a sensação de afundar. Impressão de mergulhar involuntariamente cada vez mais fundo. Pior. Tinha a sensação de ser sugada pela escuridão. Ela desabava na melhor forma possível. Lágrimas.
Inspirou o mais fundo que pôde e, finalmente, levantou-se. Não de forma metafórica. Pôs-se de pé. Andou pela sala e parou de pensar coisas ruins. Tomou um banho para aquecer o corpo e um chá para aquecer a alma. E dormiu para ter pesadelos.

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