sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Inscrição

Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"

(Mário Quintana, Antologia poética)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Nenhum coração é uma ilha

O dia dos namorados nunca me pareceu uma data importante. Não quero me fazer de solteirona convicta com essa afirmação, é só que datas comemorativas nunca tiveram um valor significativo na minha vida, ou melhor, eu sempre preferi que não tivesse; principalmente um dia como esse, no qual todos parecem ter seu par romântico perfeito e você se encontra na mais completa solidão.
Quanto à comemoração há sempre como omitir a vontade de ganhar presentes e participar da data, afinal o Dia dos Namorados não passa de mais um dia marcado pelo consumo no nosso calendário. Mas como omitir a vontade de compartilhar o momento com alguém especial? Como evitar sofrimento, em tal data, por um amor não correspondido?
Às vezes o nosso orgulho nos faz exprimir a idéia de que não precisamos de ninguém mais para sermos felizes; deixamos na solidão um rastro de satisfação, uma amostra de convicção na qual o eu já basta.
Porém na realidade se encontram as contradições da mente. É claro que uma vida amorosa "bem-sucedida" reflete nos outros "setores" da vida. Portanto, omitir um verdadeiro sentimento sobre o dia dos namorados seria um erro violento, já que os admiráveis compositores já citaram em suas músicas: "Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho".

(Laboratório de Redação, curso Objetivo; Tema: Dia dos namorados; Juliana Sampaio da Costa)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Hábitos

Tudo em nossas vidas não passa de hábito
Hábito de acordar cedo; Ou acordar tarde
Hábito de tomar café; Ou pular a refeição
Hábito de dar lugar no ônibus
Mesmo não estando em banco preferencial
Hábito de sorrir para estranhos
Hábito de ler; Não importa que livro
Hábito de ler; Apenas um autor
Hábito de pensar; De rezar; De desculpar-se quando sentir que errou
A vida não passa de hábitos
Hábito de se esforçar ainda mais
Quando se está mais perto da linha de chegada
Hábito de desistir de primeira;
Hábito de nem tentar
Nós somos os nossos hábitos
O hábito de fechar os olhos
Quando alguma brisa passa pelo seu rosto
Hábito de sonhar demais; De amar demais; De oferecer demais; De beber demais
Hábito de cantar no chuveiro; Dançar no chuveiro; Atuar no chuveiro
De sentir-se feliz no banho
Hábito de escutar música alta
De escutar música no carro
De dar passagem no trânsito
Hábito de questionar
De lavar as mãos várias vezes
De acabar virando o próprio hábito
Não somos nosso nome; Não somos nossos pais
Nem o número do Registro Geral
Somos o que fazemos
Somos atitudes; Somos medo;
Somos hábitos
Somos o que queremos.

Por: Natália Bez, grande amiga e futura escritora.

sábado, 26 de abril de 2008

Apenas um desabafo

Às vezes é difícil admitir que se está crescendo. Já somos outras pessoas. Somos novos estudantes de faculdade, pessoas que já se envolveram com o mundo, pessoas que usam o transporte público, pessoas que sabem que há pior rebeldia do que falar palavrões ou colar na prova da escola... Temos amigos fumantes que podem comprar cigarro, afinal, têm mais de 18. Hoje somos ligados diretamente ao mundo. O certo e o errado deixou de ser apenas conceito e passou a ser aplicado no nosso cotidiano.
Hoje, sou aquela que olha pro lado e tenta conviver com o tempo da melhor maneira possível, nunca me esquecendo de olhar pra trás e sentir saudade dos amigos e da vida como era...
Saudade... sim, acho que era essa palavra...

terça-feira, 25 de março de 2008

Inversão de papéis

É triste pensar que é tudo o contrário do que eu achava que fosse. Os vilões sempre foram os mocinhos, e os mocinhos, os vilões. Tudo o que diziam brincando era verdade, e tudo o que diziam de verdade, era brincando.
Engraçado como as pessoas são... Sempre se mostram boas, confiáveis, honestas, quando na verdade não passam de um lobo mau disfarçado de vovó. E eu, na minha eterna ingenuidade, acredito sempre em pessoas assim. Tudo porque penso que não há maldade no coração das pessoas, penso que sentimentos são verdadeiros, quando na verdade não há sentimento algum. Mas, ao pensar isso, eu nunca me lembro que a maldade e o egoísmo é da essência do ser humano. Quer dizer, tudo é voltado para o nosso ego. Não existe essa história de Antropocentrismo. É tudo Egocentrismo. Sempre foi assim, as pessoas que nunca perceberam. Me diga, qual argumento que usamos quando dizemos que devemos preservar o meio ambiente. Ou quando dizemos que devemos preservar a água. Tudo é Egocêntrico. Enfim, voltando ao assunto principal, nunca pensei que eu fosse estar errada quando lutei pelo certo. Achei que havia lutado pelo justo, apesar de nunca querer ter me envolvido muito. Hoje sei que tudo não passou de uma tramóia para que todos pensassem que os errados eram justos, corretos, íntegros, tudo o que agora sei é que não são nada disso. Me arrependo de tudo isso, mas me arrependo ainda mais de não ter mudado essas pessoas.

terça-feira, 4 de março de 2008

Vivemos assim?

Como toda boa sociedade de consumo adepta aos padrões capitalistas, consumimos. Não porque nos falta algo, na verdade temos muita coisa, mas consumimos pelo prazer de ter. Se "ter" é mais importante do que "ser" é correto que tenhamos coisas, que eu tenha coisas. Como farei amigos se eu não tiver um vestuário de marca?
É óbvio que meu interior não importa, o que eu penso, o que eu sou, são apenas detalhes banais, supérfluos... Quantos "eus". Será que só eu penso em mim? Quero dizer, eu tenho que ser uma pessoa boa, tenho que ter, e parece que meus pais não ligam muito para isso.
Eu peço um tênis de determinada marca e eles não compram. Argumentam que o tênis que eu tenho há um mês ainda está ótimo. Como assim "ótimo"? A moda muda se eles não sabem! Mas o que me faz sentir mais esquecido é saber que para o meu tênis eles não dão importância só que o "aspirador-que-varre-e-faz-leitinho" já é outra história, tem uns quinhentos produtos desse tipo aqui em casa.
Preferia ter nascido com pais ricos, porque assim eu seria uma pessoa boa. As aparências são mais importantes, logicamente.

Percebem a ironia?