quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Fim.

Olhavam-se intensamente. Era ela, a garota daquela festa, que estava ali. Estática. Encarando-a. Sustentando seu olhar fixamente com os olhos cheios de angústia. A outra tentou fazer de tudo para que aqueles sentimentos ruins não explodissem em lágrimas; no entanto, não obteve sucesso.
Agora os olhares, antes apaixonados, resumiam-se a lágrimas. Não que quisessem, mas era inevitável que os sentimentos fossem canalizados dessa forma. Desejavam mais que tudo que as coisas fossem simples.
Mas nada é simples. Nunca foi. Nunca será.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Premonição

Fizera de tudo para compreender o conhecimento transmitido pelo sábio perito em minerais, contudo, como sempre, pensava que não havia dado atenção suficiente, que não havia estudado o suficiente e, mais uma vez, se daria mal. E foi assim que adormecera: pensando que não havia jeito.
De repente, todos estavam no local onde seria o teste. Os alunos rumavam cada um para seu respectivo microscópio e ele estava nervoso e suando frio. Parecia mais que iria ter um acesso ou sofrer de disfunção intestinal - assim como o Pão - de tanto que suava e tremia, porém tudo isso só era reflexo do ar da insegurança inflando seus pulmões. E, devo dizer, que não era apenas ele que inspirava esse ar rarefeito de certeza. Todos os estudantes, todos os alunos, todos seus amigos suavam, tremiam e mantinham uma expressão de puro pânico em suas faces. Era o teste se aproximando. Até os melhores alunos não se preocupavam em esconder o temor diante de tal atmosfera de tensão. Todos, sem exceção, sentiam medo.
De forma a tentar minimizar o que lhe afligia, ele começou a prestar atenção no local a sua volta e, ao invés de se acalmar, só fez seu medo crescer. Diante de um local desconhecido, que certamente não era uma sala de aula, ele se encontrava. Um local completamente estranho, cheio de água. Água até a cintura, até a altura da mesa. Como se já não bastasse, ainda era cheio de plantas estranhas, as quais criavam uma atmosfera amedrontadora - semelhante a um pântano. Isso só fez com que sua tensão piorasse.
Diante de seus olhos ele podia ver o microscópio reluzindo, olhando para ele como se o desafiasse. Quando menos esperava a sineta tocou e ele teve que começar a olhar o aparelho tentando identificar alguma coisa lá para, posteriormente, escrever na ficha e entregar. Tudo isso valendo nota. A pressão psicológica era enorme.
Seus sentidos começaram a falhar. Em um curto período de tempo se desvencilhou de seu relógio biológico e, assim, não conseguia mais ter noção de quanto tempo passara. Sua boca começou a ficar seca e, por mais que estivesse imerso em água, não podia bebê-la, pois além de lodosa ela estava cheia de Biotita. Isso fazia com que o pântano fosse realmente escuro.
Parecia uma eternidade e repentinamente, logo após começar a entender o que havia naquela lâmina, o tempo de prova acabou. Foi obrigado a devolver a folha parcialmente preenchida para o professor e este já se pôs a corrigir:
- Hum... Negativo? Mas é biaxial positivo, meu caro.
- NÃO! É negativo mesmo! Tenho certeza. Eu vi...
- Veja bem, repare... é positivo.
Nesse instante percebeu que havia se confundido. Todas as questões estavam erradas e, provavelmente, tiraria um zero. "Confundi tudo!", pensava ele. Na mesma hora, o Hurley (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hugo_%22Hurley%22_Reyes) desistiu de fazer a prova e mergulhou na água, sacudindo os braços desesperadamente para nadar o mais longe que pudesse. "NÃO QUERO MAIS FAZER ESSA PROVA!!!", ele gritava. Gritava e se agitava tanto na água escura que ele parecia não sair do lugar nunca. Ao contrário, ele parecia afundar. Cada vez mais. E então concluiu-se que a Biotita estava afundando-o. Hurley não sobreviveria.
Hurley sumiu em meio a água negra que cobria metade dos estudantes sentados nas cadeiras e todos ficaram mais amedrontados ainda. O nosso garoto olhava de forma desesperada para os lados, tentando encontrar o seu colega de classe afogado; obviamente, sem muito sucesso. Ao olhar à sua volta ele viu Kitty (http://en.wikipedia.org/wiki/Kitty_Forman) usando o microscópio de uma forma muito estranha. Igual se usa um binóculo. Imediatamente se desesperou e falou em voz alta "O que ela está fazendo?! Não é assim que se usa um microscópio! Preciso sair daqui!".
E então despertou.